sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Carro colaborativo já é uma realidade | Portal HSM
Carro colaborativo já é uma realidade | Portal HSM
Américo Ramos é Doutor em Administração, com vinte anos de experiência profissional e acadêmica .
E-mail: americodacostaramos@gmail.com.
Visite o blog “Aprendizagem e Organização” (http:www.aprendizagemeorganizacao.com)
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Apresentação no 9º Encontro de Aprimoramento do Processo de Certificações
O evento foi realizado nos dias 22 e 23 de março de 2010, no Stanplaza Hotel, São Paulo, SP. Para este Encontro, atém dos temas relativos à certificação de sistemas de gestão foram incorporados outros temas relacionados à certificação de produtos, pessoas, etc Para isto foram convidados para participar deste Encontro, representantes das seguintes organizações:
- Comissão Permanente de Credibilidade do CBAC
- Organização que acredita organismos de certificação
- Organização que elabora as normas de sistemas de gestão da qualidade e ambiental, de auditoria de sistema de gestão e qualificação de pessoas – ABNT/CB-25 e ABNT/CB-38
- Organizações de treinamento que fornecem curso de Auditor Líder reconhecidas pelo Inmetro
- Organizações que certificam sistemas de gestão
- Organizações com sistemas de gestão da qualidade certificados
- Organização responsável pela certificação e registro de auditores no Brasil
- Outras organizações relacionadas com a qualidade
- João Rufino Teles Filho – ABENDI
- Reynaldo Galvão Antunes – Secretário do ABNT/CB-38
- Álvaro Thiessen – Laboratório de ensaios
- Américo da Costa R. Filho - Petrobrás
a) Introdução do Diretor da Qualidade do Inmetro – Sr. Alfredo Lobo
b) apresentação do Sr. Américo Ramos
c) apresentação do Sr. Guy Ladvocat
d) apresentação da Sra. Daniela Gerevini – Instituto Falcão Bauer da Qualidade
e) apresentação do Sr. Álvaro Thiessen – Laboratório Acreditado
f) apresentação do Sr. Aldoney Costa - Inmetro
g) apresentação dos resultados da pesquisa sobre a Imagem do Inmetro junto à população brasileira – Sr. Silvio Ghelman
h) apresentação do Sr. João Rufino Teles Filho – ABENDI
i) apresentação do Sr. Marco Aurélio – Inmetro
j) apresentação do Sr. Paulo Coscareli – Diretor Substituto da Diretoria da Qualidade – Inmetro
k) apresentação do Sr. Masao Ito – ABROC
l) apresentação do Sr. Alfredo Lobo – Diretor da Qualidade do Inmetro
n) apresentações do Sr. Nigel Croft – Consultor
o) Encerramento
O relatório do evento encontra-se aqui.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Virtudes Cardinais na Gestão Organizacional
As Quatro Virtudes Cardinais: Temperança, Prudência, Fortaleza e Justiça
http://amadodedeus.files.wordpress.com/2008/10/virtudes.jpg
Américo Ramos, DSc em Administração
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Nunca te vi, sempre contigo aprendi?
http://biponline.prodeb.gov.br/adm/arquivos/linguagem%20oral_escrita.jpg
Entretanto, não se imagina que a transmissão do conhecimento tenha se dado com tamanha desenvoltura até os dias de hoje sem a palavra escrita, sem a transmissão, armazenamento e recuperação de conhecimento explícito, sem o upload e o download. Saber-se-ia tanto sobre o legado de Pitágoras, Sócrates e outros, não fosse o registro? Ou ainda, o registro permite massificar o exotérico, mas não o esotérico, reservado para os “iniciados” que de fato incorporam a palavra de seus mestres ao seu conhecimento pessoal (ver a diferença entre as duas palavras aqui)?
Poderia ser alegado também que a transmissão oral de conhecimento, principalmente ao longo do tempo, seria facilmente deturpável. Todavia, a palavra escrita tem tal garantia? Há tantos exemplos de deturpações dos escritos antigos, de quantos pontos foram acrescentados ou retirados aos contos! Além disso, talvez os antigos defensores da transmissão oral quisessem expressar que o conhecimento pode ser em essência um só, mas se materializa na pessoa em sua experiência, não sendo propriedade em si mesma. Estaria relacionado ao que Michael Polanyi, inspirador da Gestão do Conhecimento propulsionada por Nonaka e Tageuchi (ver postagem anterior “conhecimento transferido e conduzido, ou refratado e induzido?”) e consumida pelo Mundo Corporativo, reforçou em termos do Conhecimento Pessoal, algo construído socialmente pelos indivíduos em seu contexto ambiente e que abrange ainda aspectos emocionais, constituindo-se em uma experiência ativa e intencional.
Com relação ao jogo nem sempre transparente entre o oral, o escrito e a transmissão de conhecimento, há ainda os rituais como forma de “fixação”. Os rituais surgem como representações não escritas, depois são registrados, padronizados, entronizados, congelados, e no final, muito pouco a grande maioria termina por saber sobre eles. Se a transmissão fosse mais direta, entrando na alma do receptor como uma vacina na corrente sanguínea (aliás, é interessante saber que Miguel Servet vinculava a alma ao sangue, assim como já era dito no Levítico, terceiro livro do Pentateuco bíblico, 17/11: porque a alma da carne está no sangue), seria melhor?
Ainda sobre o falar e o escrever, admiro aqueles que “falam como se estivessem escrevendo”, ou melhor, que colocam em seu discurso de forma natural e sem interrupções o que faria de forma escrita, parando, analisando, verificando. Claro que quem discorre de tal forma tem um raciocínio muito mais apurado e aprofundado e, caso tenha a habilidade de passar sua mensagem a públicos de diferentes estágios de compreensão, com o domínio absoluto das possibilidades que este conhecimento encerra. Algo como a passagem dos evangelhos
Ora, parece que há espaço para os dois tipos de conhecimento. Em tudo que se refere à técnica, supõe-se que o conhecimento explícito é indispensável como receptáculo de idéias e realizações, ainda que a habilidade do artífice, seja de que natureza for, venha a ser burilada pela experiência pessoal. Já no mundo das idéias, seja na filosofia, política, cultura, educação e na prática da liderança e de transmissão de conhecimento gerencial, talvez o conhecimento pessoal e a transmissão oral seja algo a ser mais resgatado e reforçado.
Reconhece-se que o mundo corporativo não ignora isto atualmente. Tem-se as tutorias, os feedbacks e feedforwards, as comunidades de práticas, todas de alguma forma valorizando o conhecimento e aprendizagem pela interação. Ah, não pode ser esquecida a prática de lições aprendidas, que é uma maneira interessante, se bem feita, de explicitar, parcialmente, é forçoso reconhecer, o conhecimento tácito apreendido de experiências diversas.
Além disso, a era pós-internet e redes sociais (vejam o filme sobre o assunto que irá estrear nos cinemas brasileiros em dezembro no qual se diz – quem diria? – que um brasileiro foi enganado por um americano ) tem trazido uma forma bem diferente de se buscar e disseminar conhecimento ... mas há quem diga o contrário!
Em entrevista disponibilizada recentemente, o professor Thomas Pettitt, professor de história da cultura na Universidade do Sul da Dinamarca, defende que as novas mídias levam a humanidade de volta a era pré-Gutemberg, da cultura oral (leia aqui). “E como se estivéssemos falando pelos dedos”, diz o professor. È que o repositório de conhecimento deixou de ser algo estático e passou a ser facilmente rastreável, discutível, interativo, com a era digital. A linguagem passa a ser mais próxima da palavra. Conversamos por chat ou por imagens de qualquer lugar do mundo, como se próximos estivéssemos. Assim, por um exercício de imaginação, conceber-se-ia uma Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles, a Academia Neoplatônica de Alexandria, virtuais? Aristóteles, que gostava de ensinar pelo modo peripatético, caminhando com seus discípulos enquanto discorria sobre as mais variadas idéias, poderia hoje usar o ”Second Life”?
Por outro lado, Dominique Wolton, Sociólogo da comunicação e diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica (Paris), deu também uma entrevista, divulgada na mesma época do que a anterior, em que considera as redes sociais uma forma de comunicação muito frágil com relação à coesão social, pois falta às pessoas se encontrarem fisicamente: “aí reside toda a grandeza e dificuldade da comunicação para o ser humano ... podemos passar horas, dias na internet e sermos incapazes de ter uma verdadeira relação humana com quer que seja”. É o que ele chama de “solidão interativa”. Assim, a interação verdadeira não seria a da internet, não seria aquela que desperta emoções genuínas, e com isso, viabilizar o conhecimento pessoal do qual falava Polanyi.
Bom, penso que as questões, a princípio contraditórias, levantadas pelos dois pensadores citados, não a são, se melhor examinadas. Até há bem pouco tempo atrás, a transmissão oral e mesmo o contato visual eram intrinsecamente ligados à aprendizagem e à indução de conhecimento pessoal. Hoje não é mais. O desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação mudou dramaticamente este quadro. Assim, pode haver transmissão direta, oral inclusive, e mesmo contato visual remoto, sem necessariamente garantir a possibilidade de um aprendizado e indução de conhecimento pessoal. Ponho em dúvida ainda esta questão, pois não quero afirmar uma impossibilidade, já que caberia aqui uma continuidade de raciocínio que ainda não foi amadurecida suficientemente.Me veio agora a lembrança do filme Nunca te vi sempre te amei, que mostra como o afeto e a amizade podem se desenvolver genuinamente em uma época em que apenas (?) havia cartas, sem as pressões pelas abreviações e limites de 140 caracteres. Meu sobrinho conheceu sua atual esposa pela internet. E nem toquei diretamente nos internet affairs, ou cursos à distância e por satélite ... mesmo com os tutores .
No final das contas, nesse mundo informatizado, está faltando resgatar algo mais da transmissão direta do conhecimento. Desenvolver o explícito foi o mais fácil, mas com a conseqüência de uma hipertrofia desta modalidade de conhecimento como transmissão, o que é um erro, que, como se viu aqui, pode ser evidenciado pela própria história da humanidade e de seu pensamento. Desde há algum tempo há de se partir para a construção de um conhecimento pessoal e aprendizagem interativa baseada em paradigmas que transcendam distâncias e olhares. Será isto possível? Um desafio? Ainda assim, não se pode perder de vista o mais simples e, ao mesmo tempo, o mais complexo: a interação humana em todos os seus sentidos.
http://www.consciencia.net/internet-e-politica/
E-mail: americodacostaramos@gmail.com
Visite o blog Aprendizagem e Organização
(http://www.aprendizagemeorganizacao.com/)
domingo, 7 de novembro de 2010
Burocratas, fariseus organizacionais e aprendizagem limitada
http://jairouchoa.blogspot.com/2010/03/os-fariseus-do-seculo-xxi.html
http://contrun.noblogs.org/post/2008/04/16/apresenta-o-de-burocracia-e-ideologia-jo-o-bernardo/
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do entro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé; deveríeis fazer estas coisas, sem omitir aquelas” (MT 23-23)
Dentro da tradição cristã, os fariseus eram criticados por se aferrarem à observância de preceitos e rituais e censurarem o que não estava em conformidade a isto, mesmo que fosse para a prática da virtude, da salvação, enfim, do bem. Dominavam o conhecimento procedimental, mas afastavam-se da essência.
Nota-se que no trecho que destaquei aqui do evangelho, seja de Mateus como de Lucas, que Jesus não deixava de reconhecer a execução dos rituais e procedimentos já consagrados, desde que não se esquecessem da essência pela qual foram elaborados e são sua finalidade.
O que me veio à mente então? A crítica à burocracia nas organizações, não à burocracia em si, mas às suas disfunções, quando os “meios são mais importantes que os fins”. Mesmo porque, sem burocracia, em seu conceito, uma organização perde a sua memória, o seu conhecimento, e inutiliza sua capacidade de aprendizagem. É como se, para usar um exemplo clássico, tivéssemos que reaprender diariamente nossas rotinas mais banais (“até nas coisas mais banais”, como diria Cazuza), como escovar os dentes. Imagine uma organização como no filme “Amnésia” . Uma resenha do filme por Norma Cortês, historiadora e doutora pela IUPERJ, pode ser lida aqui.
O termo “burocracia”, dentro das teorias de ciências sociais e das organizações, tem como propulsor principal Max Weber e cujos insights foram tomados por outros cientistas sociais, décadas depois, destacando-se, aqui, Robert K. Merton.
Para uma explicação, ou recordação (para quem estudou Administração) da teoria da burocracia, o site da Wikipédia dá uma primeira idéia. Destacam-se aqui as disfunções da burocracia enunciadas por Merton.
Assim, os ditos burocratas, são aqueles que se proclamam defensores das normas organizacionais, mas na verdade são agentes das disfunções acima citadas. Assim, vêem a forma da norma acima de sua essência e finalidade. É preciso seguir as normas e procedimentos, sem jamais esquecer as finalidades para as quais foram criados dentro da organização, bem como seus resultados, seus valores, sua missão etc. Assim, esses burocratas são fariseus organizacionais.
Quando tive a idéia para postar este artigo, lembrei-me de um texto de uns dez anos atrás, publicado na revista Exame e escrito por uns dos pensadores brasileiros em Administração mais brilhantes e mediáticos que nós temos, o Thomaz Wood Jr., em que dissertava justamente sobre a necessidade da burocracia, apesar de seus problemas, com o sugestivo título “A burocracia está morta: viva a burocracia!"
Wood Jr. aproveita para inserir a problemática da ISO 9000, bem mais ardente na época, como o retorno do “monstro burocrático”, que junto com os sistemas integrados de gestão, espalham “controles e procedimentos por toda a empresa” e gerando “vítimas” com o “engessamento” da organização à custa de uma “futura utilização em campanhas promocionais”.
Aliás, durante as revisões da ISO 9000, pretendeu-se, inclusive, resgatar a essência da qualidade, evitando-se a preocupação excessiva com a forma, pelo menos pareceu ser esta a intenção. Um auditor da ISO 9000 mais policialesco e formal é um típico fariseu no sentido pejorativo que se deu conhecimento, pois mantinha alerta sobre qualquer não conformidade, considerando-o uma espécie de pecado ainda que esta não conformidade pudesse estar resolvendo algum problema organizacional. Empregados cumpriam procedimentos sem saber para que serviam, como fiéis que enunciam orações e rituais sem saber porque estão fazendo isto.
Voltando, agora à aprendizagem. A burocracia é um meio de consolidar o conhecimento explícito e a aprendizagem, sim, desde que tenha como parâmetro os objetivos e o desenvolvimento da organização, em prol de sua sustentabilidade com o tempo, em termos de desempenho, valor e sinergia (ver meu artigo “A dimensão biopsicossocial na acumulação de riqueza, no progresso técnico e na construção social das organizações”). A diferença entre a aprendizagem em uma organização burocrática disfuncional e a que não é corresponde à diferença entre a aprendizagem de primeiro ciclo, mais limitada e restrita, e de segundo ciclo, mais questionadora e inovadora, conforme cunhado por autores como, por exemplo, Argyris e Schon, e já tratado em outras postagens, como em Saúde e estética: como no indivíduo, entre a sustentabilidade e a imagem.
Manter a organização e a aprendizagem conectadas e permitir a mudança e inovação representam dar um sentido ativo à própria burocracia nas organizações. Assim, seus agentes usarão as regras e procedimentos tendo em vista a essência organizacional em interação constante com suas circunstâncias, parafraseando Ortega y Gasset e sua frase "O homem é o homem e a sua circunstância". Mas é importante notar que Ortega Y Gasset frisa que “é, pois, falso dizer que na vida «decidem as circunstâncias». Pelo contrário: as circunstâncias são o dilema, sempre novo, ante o qual temos de nos decidir. Mas quem decide é o nosso caráter” (ver aqui). A burocracia, mudando ou não, rodeia as organizações como circunstâncias, mas quem decide são as pessoas e seu caráter para discernir o que é mais correto à organização, e este “caráter” coletivo é formado por um contínuo e denso processo de aprendizagem.
Jornada de Administração: Gestão em Foco
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Resiliência, sofrimento e aprendizagem.
Américo Ramos.
Diz-se que se aprende pelo amor ou pela dor. Se usarmos o jargão corporativo, pela “conscientização valorativa do ser humano”, ou pelo “sistema de incentivos e conseqüências”. O primeiro opera-se no plano das idéias, o segundo no plano das sensações, usando, com algum grau de liberdade, as formulações do grande Platão.
Sendo agora um pouco mais aristotélico, chegar diretamente pelo plano das idéias fica um pouco, como dizer, “ideal” (desculpe-me o trocadilho), daí ter-se a referência sensível, adquirida pela experiência, ainda que sujeita a uma série de variações segundo o sujeito e o contexto, que não daria uma visão absoluta ou “matemática” tão cara a Platão (afinal, na sua academia havia uma inscrição de que não entrasse aquele que não soubesse Geometria).
Bom, em termos mais diretos, aprender pelo amor ou pela conscientização é o ideal, mas na vida cotidiana (tomando um termo bastante utilizado por Berger e Luckman) aprende-se mesmo pela experiência, não sem, na maioria das vezes, sem alguma dose, em maior ou menor grau, de sofrimento, de dor. E se isso passa a ser condição geral, a atitude a ser adotada no sentido de melhor aproveitar e atrair aprendizagem é a de resiliência, em que a parte dita ruim do sofrimento, que se não administrada leva a estresse, a angústia, à perda da criatividade e da capacidade de agir, para não dizer de conseqüências piores e sabidas, pode ser depurada, transformada, essencializada para ser um alavancador de crescimento, de evolução, de conhecimento, de superação.
Portanto, aprendizagem e resiliência são atributos que se interagem fortemente no sentido da mudança e do convívio com a experiência diária, os prazeres e sofrimentos nela implícitos (Aristóteles de novo), até mesmo para que as idéias e a conscientização do que aprendeu possam ser mais rapidamente internalizadas e, assim, serem usadas como reserva potencial de ações e decisões futuras, seja no plano pessoal, seja nas organizações.
Visite o blog Aprendizagem e Organização” (http:www.aprendizagemeorganizacao.com).