sábado, 29 de maio de 2010

Saúde e estética: como no indivíduo, entre a sustentabilidade e a imagem

O mito da imagem sobrepujando a saúde. Vale também para as empresas?

Fala-se muito sobre o culto ao corpo. Vê-se em praticamente todos os portais, na mídia, uma série de apelos a corpos esculturais. Revistas e mais revistas prometem, sob o argumento de mais saúde, com suas receitas e dicas, a obter reduções de peso, mais músculos e assim por diante.

Tem-se, aqui, uma clássica confusão, embora, reconheça-se, tal ressalva é dita em alguns destes canais de mídia já citados. O principal a ser obtido ou mantido é a saúde, que pode ou não ser acompanhada de uma excelência estética. Quanto o que não é feito para obter músculos, “tanquinho”, beleza, para depois vir conseqüências que, em alguns casos, são até fatais! A saúde, obtida ou mantida com a disciplina de hábitos, fruto de uma aprendizagem contínua do que é melhor para seu próprio corpo e reações orgânicas, leva a melhor produtividade, vitalidade e contribui para a melhoria da auto-estima e de uma sociabilidade sadia. Nada de silicones explodindo, rostos deformados de tantas plásticas, bombas, desequilíbrios metabólicos etc..

Além disso, tem outra coisa, como diria o Adoniran ... estética pela estética não resolve o vazio mental e psicológico por si, embora, é óbvio, cuidar melhor de si ajuda e muito e está ligado a saúde integral. A busca excessiva pela estética está associada à estética “Big Brother”, o caminho para o “nirvana” das capas de revistas, de vários tipos. A superficialidade impera e a “saúde” está subordinada a isto.

Assim, a saúde integral não é a alcançada com a aprendizagem a respeito de si mesmo e na sua relação com o mundo. É confundida com a busca do sucesso pelo sucesso, da estética deformada, do corpo como objeto de consumos e transações (sem trocadilho aqui).

Bom, e a analogia que pode ser feita com a Organização?

A dimensão que pode ser mostrada aqui é a da Sustentabilidade. Empresas sustentáveis são empresas sadias. Empresas sustentáveis podem ter também uma imagem sustentável, que seria a estética empresarial. A sustentabilidade real leva à imagem sustentada. Todavia, muitas empresas procuram a sustentabilidade pelo caminho mais fácil da imagem “estética”, “aparecer para a mídia”, “vomitar” certificações sem maiores compromissos ... e aí, mais cedo ou mais tarde, verão que não conseguiram evolução nenhuma, ou ainda que com excelentes intenções, caíram em armadilhas que comprometem todo o esforço de construção anterior. Já diziam os antigos: para construir é difícil, mas para destruir .... O exemplo da BP no Golfo do México é um bem recente, afinal a BP tem o seu logotipo verde e todos seus argumentos de sustentabilidade manchados pelos últimos acontecimentos.

A busca de sustentabilidade é processo contínuo, é passar por uma aprendizagem que, utilizando-se de autores como Argyris e Schon, não é de primeiro ciclo, no nível de padrões e rotinas, como se introduzi-las fosse consolidar uma atitude sustentável, por si só, mesmo que levasse a prêmios e reconhecimentos conjunturais. Aprender aqui passa por mudança de valores e princípios, que vão, aí, sim, implicar na mudança de hábitos, no sentido "Deweyano" (ver post "Aprender para desafiar"). Assim, haverá empresas sustentáveis e até “bonitas”, como pessoas saudáveis física e mentalmente virão a ser mais “sustentavelmente”, bonitas.

Argyris e Schon

Portanto, é um falso dilema a pessoa ficar entre a saúde integral e a imagem estética, assim como a empresa ficar entre a sustentabilidade integral e a imagem de sustentabilidade. A chave, mais uma vez, para pessoas como para organizações, está na aprendizagem, um processo que não é fácil, não é obtida somente com dinheiro, exige esforço e descoberta interior.

Américo Ramos é Doutor em Administração, com vinte anos de experiência profissional e acadêmica. E-mail: americodacostaramos@gmail.com. Visite o blog “Aprendizagem e Organização” (http:www.aprendizagemeorganizacao.com).

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