Isto ecoa o conceito de aprendizagem de circuito duplo, já comentado em "Saúde e estética: como no indivíduo, entre a sustentabilidade e a imagem ". Na medida em que o aprendizado de circuito duplo parte de uma mudança nos valores e pressupostos básicos, tal implica deixar de praticar o que se entendia como certo (desaprender) e incorporar outros entendimentos. Como dizia a propaganda da Fiat, está na hora de rever conceitos (abaixo um exemplo, para lembrar, e um mais voltado ao lado corporativo).
Outra referência importante e muito usada mais especificamente no estudo da inovação, e mesmo da mudança como um todo, é a de Joseph Alois Schumpeter, economista austríaco (wikpedia) depois radicado, como também o alemão Lewin, nos Estados Unidos, dentro do contexto que gerou a segunda guerra mundial. A ele é costumeira e genericamente associado o conceito de “destruição criativa”(SCHUMPETER, 1961:1942, p.106): "o processo de mutação ... que revoluciona incessantemente a estrutura econômica a partir de dentro, destruindo incessantemente o antigo e criando elementos novos", algo "básico para se entender o capitalismo".
Penso que a raiz disto tudo reside na idéia, no conceito, de renascimento. Para renascer, algo tem que que morrer. Para aprender, algo tem que ser desaprendido.
A idéia do renascimento está presente também classicamente no mito da Fênix, um pássaro da mitologia grega que, “quando morria, entrava em auto-combustão e, passado algum tempo, renascia das próprias cinzas”.
Ou ainda na presença de um dos deuses da trindade hindu, Shiva, que personificava a destruição criativa de que Schumpeter adotaria, pois era o destruidor, que destrói para construir algo novo, motivo pelo qual muitos o chamam de "renovador" ou "transformador”.
Aprender é "lavoisieriano", pois é um processo sobretudo de transformação, onde nada se perde, ou nada se cria: só a superficialidade é temporária e efêmera, o que está na essência permanece e se transubstancia. Na organização, ou na vida, cuidar de um ambiente de aprendizado, portanto, é cuidar para que a transformação seja um imperativo fundamental nos processos vitais, de modo que verdades inquestionáveis, apegos, e até sucessos, não venham jamais, como "armadilhas da competência" que são (ver post Metamorfose ambulante: o destino da aprendizagem? ), a se sobrepor à reflexão da experiência e a transcendência da sua própria verdade.
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