domingo, 13 de junho de 2010

Aprendendo e Organizando os Livros: Boletim II


Olá, pessoal, continuo aqui a seção de postagens sobre livros a respeito de temas de meu interesse e estudo.

Continuo por ora privilegiando livros nacionais, pela maior disponibilidade e facilidade, principalmente em nível introdutório. Entretanto, posso indicar também livros em inglês, que foram, em geral, bases para a elaboração dos próprios livros nacionais.

Bem, vamos lá!

GESTÃO ESTRATÉGICA DE EMPRESAS BRASILEIRAS:
Casos Resolvidos

Agrícola Bethlem
Editora Atlas

Os conceitos básicos são universais, mas a sua utilização e aplicação no mundo real não. Esta a razão de utilização de casos que refletem a realidade do meio ambiente brasileiro e do comportamento e valores dos dirigentes brasileiros de empresas brasileiras para ensinar administração e gestão estratégica.O enfoque deste livro parte desses pressupostos. O texto sustenta que cada empresa deve ser administrada da forma mais adequada às características dos seus recursos e de suas circunstâncias e que não há padrão nem receitas de sucesso nem padrão de liderança eficaz. Em suma, o que se pode ensinar é o uso das capacidades intelectuais humanas para gerar "best practice" (melhor prática) intermitente e continuamente. O melhor sistema é observar dirigentes bem-sucedidos, dialogar com eles e desenvolver a visão do que podia ser feito de modo diferente e melhor. Os casos apresentados, com suas respectivas notas de ensino, perguntas para orientar a discussão e sugestão de respostas a estas perguntas, obedecem a um ordenamento cronológico, procurando acompanhar a evolução do pensamento estratégico no Brasil

Comentário: O professor Agrícola Bethlem, do qual tive a grande oportunidade de ter sido seu aluno há mais de vinte anos, é uma das referências do pensamento estratégico no Brasil. É leitura obrigatória, ainda mais um livro que associa a teoria aos casos didáticos para estudo que ele tão bem sabe estruturar.


Gestão Internacional

Betania Tanure e Roberto Gonzalez Duarte (orgs.)

Editora Saraiva.

Os assuntos analisados vão desde as estratégias utilizadas pelas empresas em seus processos de expansão para o exterior até o papel dos recursos humanos na conquista do ambiente global, passando ainda pela relação entre matriz e subsidiária e entre diversidade cultural e gestão internacional. Há, ainda, um estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Dom Cabral sobre o processo de internacionalização de empresas brasileiras.

Comentário: Outro bom livro sobre estratégia e gestão internacional, contando com a colaboração de muitos pesquisadores brasileiros conhecidos na área, a começar pelos organizadores Tanure e Duarte, além de algumas "estrelas internacionais", como o já falecido Ghoshal e seu parceiro de muitas obras, Bartlett. Um dos meus capítulos preferidos foi a tradução de um artigo de Klaus Macharzina e Michael-Jörg Oesterle sobre Aprendizado em Multinacionais, muito bom, não deixando de mencionar o do casal Fleury, o do português José Santos da Insead e outros tantos.


Os executivos das transnacionais e o espírito do capitalismo: capital humano e empreendedorismo como valores sociais.


Oswaldo López-Ruiz

Azougue Editorial

Este livro desvenda a face mais atual de um denso processo histórico, o do desenvolvimento capitalista em escala mundial. Examina-se nele o jogo da plena "humanização" do capital e da plena "capitalização" do homem. No caso, trata-se de um tipo particular de homem, o executivo na sua figura contemporânea mais acabada, o integrante da grande empresa transnacional. Este passa a ser valorizado não mais como mero representante, porém como literalmente portador do capital, unindo em si as figuras, outrora incompatíveis, do "empresário" e do "trabalhador". Vê-se assim uma retomada, em insuspeitado registro, do tema da formação, só que agora na forma da aquisição de capacidades, destrezas, disposições úteis ao desenvolvimento do capitalismo na sua fase contemporânea. E – ponto decisivo na argumentação do autor – essa aquisição se faz mediante uma forma de investimento, o investimento em si próprio, que gera um produto singular: o capital humano. Temas centrais como o do capital humano e do empreendedorismo são aqui levados a sério e examinados na sua constituição e como valores sociais, com o respeito crítico que merecem como expressões reais da organização social contemporânea.

Comentário: O livro faz uma abordagem crítica interessantíssima sobre conceitos como capital humano, gestão do conhecimento, capital intelectual, como reprodutores de uma linguagem que perpetue a dependência à ideologia capitalista, em especial os próprios executivos-empreendedores. O autor trabalha de forma bem refinada a questão teórica, citando Sombart, Schumpeter, Weber, a Escola de Chicago, entre outros. Vale a pena reproduzir as linhas finais da conclusão do autor: "... sabemos que se trata de um capitalista em relação de dependência; não um sujeito autônomo, apenas alguém com a independência (econômica) para ir e voltar do seu trabalho. Um trabalhador que precisa investir o tempo todo (consumindo) para garantir (sem garantias) sua posição social; alguém que precisa garantir (sem garantias) que continuará sendo aquele feliz indivíduo individual que imagina que é".

Bom, por enquanto é só, pessoal!




Américo Ramos é Doutor em Administração, com vinte anos de experiência profissional e acadêmica .E-mail: americodacostaramos@gmail.com. Visite o blog “Aprendizagem e Organização” (http:www.aprendizagemeorganizacao.com).

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