sábado, 29 de outubro de 2011

Quem quer dinheiro!



Fonte: loungeempreendedor.blogspot.com


Américo Ramos



Alfie Kohn, em seu livro "Punidos pelas Recompensas" (1993) fez uma crítica as práticas mais comuns de reconhecimento e incentivo, comparando-as ao que é feito com crianças, no sentido do castigo ou do prêmio. As pessoas "funcionariam" desta forma, esquecendo-se do significado intrínseco que o trabalho poderia ter.

Assim, trabalharíamos e viveríamos pelo utilitário e pela busca do usufruto de algo material, explícito, simbolizando o ter, e para o qual competiríamos por isso ferozmente.



Logo, as práticas de gestão de pessoas mais "hard" buscariam estender a competitividade como o valor geral, associado ao utilitarismo e subordinado à acumulação capitalista. É a lógica do "quem quer dinheiro!", magistralmente mostrada pelo descendente do sábio Isaac Abravanel.

No meio ao discurso até hoje dominante do "reconhecimento pelos resultados", a obra de Kohn não tem sido muito propagada, talvez intencionalmente, ainda que conhecida e, claro, sujeita a questionamentos também.

Como professor de Comportamento Organizacional, devo mostrar várias políticas de Gestão de Pessoas que, segundo os "nossos cânones sagrados", "proporcionariam o ambiente mais adequado à motivação das pessoas", como as práticas de reforço e prêmios por resultados e metas atingidas. Posso até induzir à crítica, mas não posso também ignorar o discurso, até em função dos concursos e testes que os alunos terão que fazer, sem contar com a própria vida corporativa com a qual convivem dia após dia. "Faz parte do show", como diria o Cazuza.

De qualquer forma, chama-se a atenção para a maneira reduzida que se entende a inserção das pessoas nas organizações e sua aprendizagem. No final das contas, não mudaríamos muito em relação às crianças condicionadas que fomos por tal tipo de cultura.

Falando em crianças, lembro-me de um episódio do Bob Esponja que faz uma crítica bem humorada a tudo isso que foi aqui comentado, "O Funcionário do Mês". Hipocrisia, competitividade desenfreada, inversão de valores, manipulação, produtividade "sem causa", está tudo lá. Sugiro a cada leitor ver ou rever o desenho, neste link, dentro do que foi comentado aqui, e tirar suas próprias conclusões.

Abraços a todos!

Américo Ramos , DSc em Administração,
vinte anos de experiência profissional e acadêmica.
E-mail: americodacostaramos@gmail.com.
Visite o blog Aprendizagem e Organização”
(http:www.aprendizagemeorganizacao.com).

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