domingo, 30 de outubro de 2011

Dr. Jekyll e Mr. Hyde nas organizações



Fonte: http:\\www.runtimedna.com/Jekyll-and-Hyde.html







Américo Ramos





Seguindo a linha da postagem anterior, outra deformação que o ambiente de trabalho impõe é a fragmentação da pessoa segundo suas ocupações, ou seja, somos atores, representamos papéis, e o ambiente da empresa é mais um cenário.

É aquela história: chego na empresa, assumo um papel, e o deixo assim que saio dela.

Tal comportamento é muito comum e não é privativo do mundo corporativo, estende-se a várias situações da vida de cada um, com variações segundo as peculiaridades culturais, etárias ou sociais. Entretanto, no trabalho, assume nuances bem específicas.


Aprendemos no dia-a-dia sobre a precedência da vida corporativa sobre a vida pessoal, do ganhar dinheiro, do sucesso profissional. Temos que aprender a ser um bom jogador neste cassino, e se isso é o verdadeiro em nossas vidas não interessa. Logo, jogamos, representamos e, muitas vezes, colocamos o que temos de pior para vencer a cumprir nossos objetivos no trabalho.


Isso não quer dizer que temos que ser sempre assim, "só no trabalho". Podemos ser bons amigos na rua e "bons inimigos" na organização, a depender do papéis que desempenhamos. Isto vale para outros momentos na vida corporativa, como nas festas de fim de ano e todo o seu folclore associado. Quantos chefes irascíveis mostram uma outra face, quase nunca real (e o que é real nesta história toda, afinal?), nestes momentos!


A depender da cultura, como já dito, isto fica mais patente. Fons Trompenaars, em seus trabalhos sobre cultura, chamava a atenção, a partir dos estudos do grupo de Talcott Parsons, sobre a diferença entre as chamadas culturas específicas ou difusas. Nas primeiras, os relacionamentos entre as pessoas são separadas conforme as atividades, se profissionais, pessoais etc., ao contrário das últimas, onde tudo se permeia. A cultura americana, segundo indicam os estudos relacionados, é tipicamente específica, assim gerente e gerenciado podem se engalfinhar na empresa e sair juntos para jogar golfe ou beber. Um artigo que ilustra com didatismo esta e outras dimensões disseminadas por Trompenaars, entre outros autores, saiu recentemente na Revista de Administração Pública da EBAPE (ver link).


Pode haver situações em que as diferenças comportamentais segundo as atividades é tão significativa que não está muito longe do mito representado pela dualidade Dr. Jekyll e Mr. Hyde, ou o médico e o monstro (aliás, esta história daria uma outra postagem; uma análise interessante está no blog de Karein Regiero).

Sobre estas diferenças de papéis, segue mais um desenho, desta vez da turma do Looney Tunes, mais especificamente com o Coyote (que nesta história se chama Ralph e é representado como um logo, e não Wile) e o cão pastor Sam. Acredito que muitos dos leitores conheçam a história, especialmente os mais velhos e acho interessante mostrá-la segundo este prisma.




Indo no clima, por hoje é só, pessoal!



Américo Ramos , DSc em Administração,
vinte anos de experiência profissional e acadêmica.
E-mail: americodacostaramos@gmail.com.
Visite o blog Aprendizagem e Organização”
(http:www.aprendizagemeorganizacao.com).

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